Desemprego recua para 13,7% em julho, mas ainda atinge 14,1 milhões, aponta IBGE
Apesar da leve melhora na taxa de desemprego, o rendimento real habitual do trabalhador vem em queda.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, mas ainda atinge 14,1 milhões de brasileiros, informou nesta quinta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa uma redução de 1 ponto percentual em relação à taxa de desemprego dos três meses anteriores (14,7%) e a menor taxa de desemprego no ano. O dado também representa estabilidade em relação à taxa de desemprego em julho de 2020, que era de 13,8%.
Já entre os desocupados, a queda foi de 4,6% (menos 676 mil pessoas) em relação ao trimestre encerrado em abril, quando o IBGE estimou o número em 14,8 milhões de pessoas.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em junho, a taxa de desemprego ficou em 14,1%, atingindo 14,4 milhões de pessoas.
Veja os destaques da pesquisa
- Taxa de desemprego caiu para 13,7% (era de 14,7% nos três meses anteriores)
- População desocupada recuou 4,6%, para 14,1 milhões de pessoas
- População ocupada passou de 50% pela primeira vez no ano, atingindo 89 milhões
- Taxa de subutilização recuou para 28%
- Subocupados são recorde da série histórica: 7,7 milhões de pessoas, indicando recuperação do trabalho com baixa qualidade
- País tem 5,4 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), taxa 10% menor que no trimestre anterior
- Empregados com carteira assinada no setor privado somaram 30,6 milhões, alta de 3,5%
- Alta foi maior entre os sem carteira, de 6%, para 10,3 milhões
- Número de trabalhadores por conta própria (25,2 milhões) é recorde da série histórica
- Número de empregadores com CNPJ foi menor da série
- Taxa de informalidade ficou em 40,8%, ou 36,3 milhões de pessoas
- Rendimento real habitual caiu 2,9%, para R$ 2.508
Ocupação passa de 50% pela primeira vez no ano
Segundo o IBGE, o recuo na taxa de desemprego foi influenciado, principalmente, pelo aumento no número de pessoas ocupadas, que cresceu em 3,1 milhões em relação ao trimestre encerrado em abril, para 89 milhões.
Com isso, o nível de ocupação subiu 1,7 ponto percentual para 50,2%.
“Essa é a primeira vez, desde o trimestre encerrado em abril de 2020, que o nível de ocupação fica acima de 50%, o que indica que mais da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país”, destaca a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que antes da pandemia a população ocupada somava 94 milhões de pessoas – ou seja, ainda há no país 5 milhões de ocupados a menos que no período pré-pandemia.
Na comparação julho de 2020, o contingente de pessoas ocupadas no mercado de trabalho aumentou em 8,6%, o que corresponde a cerca de 7 milhões a mais de trabalhadores.
“Esse número é tão destoante porque estamos partindo de uma base de comparação muito baixa, referente ao auge da pandemia, quando houve uma dispensa muito grande de trabalhadores”, enfatiza a pesquisadora.
Informalidade puxou alta da ocupação
Segundo o IBGE, o trabalho informal foi o principal responsável pelo aumento da população ocupada.
Esse grupo – que inclui aqueles sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração – chegou a 36,3 milhões de pessoas e uma taxa de 40,8%.
No trimestre anterior, a taxa foi de 39,8%, com 34,2 milhões de pessoas. Há um ano esse contingente era menor, 30,7 milhões e uma taxa de 37,4%, o menor patamar da série.
“Em um ano, o número de informais cresceu 5,6 milhões. O avanço da informalidade tem proporcionado a recuperação da ocupação da PNAD Contínua”, explica Adriana Beringuy.
A pesquisadora ressaltou que “esse é o maior crescimento da informalidade dos últimos tempos”. Todavia, o contingente de trabalhadores informais no país já foi maior – o recorde foi registrado no trimestre terminado em outubro de 2019, quando chegou a 38,7 milhões.
Já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o crescimento da ocupação foi ainda mais disseminado entre as atividades, atingindo oito delas.
O destaque também ficou com a construção, que registrou aumento de 23,8% do número de trabalhadores em um ano. Alojamento e alimentação e serviços domésticos também aparecem na sequência, com alta, respectivamente, de 16,8% e 16,5%.
“Essas duas últimas atividades tiveram perdas muito acentuadas na pandemia. São atividades que ainda estão recompondo o seu contingente”, observa Adriana Beringuy.