Eventos fortalecem Juiz de Fora como polo e projetam crescimento
Infraestrutura, preços competitivos, expertise de empresas locais e prósperos nichos de mercado, como as formaturas e encontros empresarias, impulsionam setor
Juiz de Fora já se firma como polo regional de eventos. Apesar da ausência de pesquisas locais que permitam dimensionar o setor, quem atua no ramo afirma que a infraestrutura oferecida pela cidade e os preços mais baixos em comparação com os grandes centros têm atraído cada vez mais o interesse do público de municípios da Zona da Mata e Vertentes, além da região Serrana do Rio de Janeiro. Além da crescente demanda externa, a característica de polo estudantil e a vocação para o turismo de negócios aumentam as oportunidades das empresas, que apostam em crescimento para 2018.
Festas, formaturas, casamentos, feiras, congressos, encontros corporativos, shows e eventos que se tornaram tradicionais no calendário juiz-forano movimentam milhões anualmente e aquecem toda a cadeia econômica, que inclui desde fornecedores até hotéis, passando também por bares e restaurantes. Para se ter ideia, só a realização do Miss Brasil Gay, Minas Láctea e Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga movimentam mais de R$ 220 milhões, segundo os organizadores. No entanto, ainda predomina a realização de eventos de menor porte.
Na quinta (12) e sexta-feira (13), a cidade sediou mais uma edição do Fashion Days, tradicional evento local de moda. Na ocasião, foram apresentadas coleções de 40 marcas. Cerca de mil pessoas acompanharam os desfiles, que aconteceram na Rua Mister Moore nestes dois dias. Também na sexta-feira foi aberta mais uma temporada do Comida di Buteco. Esta é a oitava edição juiz-forana do concurso, que tem realização nacional, e abre espaço para os consumidores votarem nos petiscos inscritos em 20 bares da cidade. Em 2017, o Comida di Buteco foi responsável pela criação de seis mil empregos e a movimentação de R$ 140 milhões na economia em todo o país, conforme dados oficiais.
Responsável pela organização de ambos os eventos, o diretor executivo da Done Produtora, Toninho Simão, defende o status de polo regional para Juiz de Fora. “Além dos eventos que atraem o público de fora, nós vemos uma movimentação, cada vez maior, de pessoas que saem das suas cidades para realizarem eventos aqui. Contamos com fornecedores muito preparados, excelentes espaços para todos os tipos de comemoração, e praticamos valores bem mais baixos em comparação com os grandes centros.”
A Done Produtora mantém dez realizações fixas por ano na agenda local. Dentre elas, estão também o Showroom de Calçados e Acessórios da Zona da Mata, o Showroom da Beleza – Zona da Mata, e o É Festa, realizado no último fim de semana. Este tem a proposta de apresentar produtos e serviços para quem atua na área de eventos. “Foi a sexta edição, e tivemos um público de cerca de 1.500 pessoas, um crescimento de 30% em comparação com o ano anterior. Isso nos mostra que o setor está atraindo o interesse de mais pessoas”, diz Toninho. “Juiz de Fora tem um grande potencial de mercado, e a tendência para 2018 é de muito trabalho e novos projetos.”
Abrangência internacional
Juiz de Fora também “exporta” profissionais para a realização de eventos em outros locais. Este é o caso da Partner Produções, com sede há dez anos na cidade e atuação em território nacional. “Temos um projeto com a Líder Aviação, que envolve 19 municípios do país. Mas o nosso trabalho se concentra, principalmente, em Juiz de Fora, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro”, explica o diretor executivo Emerson Laender. Ele também está otimista para 2018. “As expectativas são muito positivas, pois temos no nosso calendário eventos de abrangência nacional e internacional.”
A empresa realiza, em média, 20 eventos por ano. Na agenda local já estão confirmados o International Input-Output Conference, evento de economia que teve a última edição realizada em Atlantic City, nos Estados Unidos, e este ano ocorre em parceria com a Faculdade de Economia da UFJF; o Congresso Nacional de Combate ao Câncer; o Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química; e a Conferência Contábil. “A cidade possui vocação para o turismo de negócios, mas ainda conta com algumas dificuldades. Apesar de possuir uma boa estrutura para abrigar eventos corporativos, há uma grande deficiência de acesso aéreo.”
Empresa se torna franqueadora
A característica juiz-forana de polo estudantil foi responsável por criar uma demanda específica do público jovem por eventos. Desta forma, festas, shows e formaturas também movimentam a economia local. Um dos principais nomes neste segmento, a Viva Eventos é responsável pelas comemorações de 80 a cem turmas por ano. “Realizamos desde pré-eventos – incluindo churrascos, viagens e festas em datas comemorativas – até as solenidades como missa, colação de grau, jantar dançante e baile de gala”, afirma um dos sócios, Fernando Sotrate. A empresa é a única do setor de eventos do país que se tornou uma franqueadora, e hoje está presente em 16 municípios. Para 2018, a expectativa também é de crescimento.
A Nomad Produções tem foco no segmento de lazer e entretenimento. Para este ano, estão previstos, pelo menos, oito espetáculos. “Os nossos eventos atraem público local e, também, de fora da cidade. Percebemos que, após este período difícil de crise, as pessoas estão retomando e valorizando mais a participação em atividades culturais”, afirma o diretor de produção da empresa, Gustavo Ribeiro. “Juiz de Fora possui espaços muitos bons para eventos, como teatros e casas de show. O que falta é unir o poder público e a iniciativa privada em prol deste trabalho, que é responsável por aquecer a economia, gerar renda e empregos. Uma ajuda na divulgação já seria muito bom para o nosso segmento.” Entre os próximos shows previstos pela empresa estão os de Caetano Veloso, Lenine e o do espetáculo infantil Mundo Bita.
O chefe do departamento de Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcelo do Carmo, destaca outras tendências. “No que diz respeito aos eventos destinados ao público local, temos uma gama ampla de perfis. Há desde aqueles voltados para a criançada até a terceira idade. Nesse momento, percebemos um número representativo de realizações em torno da cerveja artesanal e food trucks, além de feiras itinerantes, que movimentam o mercado com novos formatos e intervenções em praças e demais espaços públicos. Esses eventos atraem, principalmente, o público jovem e “descolado”, bem característico da cidade, devido ao grande número de estudantes que ela recebe.”
Fonte: Tribuna de Minas