Notícias da Região: recorde de mortes no Sistema Prisional de JF

Você pode até não acreditar em outra vida mas, haverá de convir que pode-se viver um inferno, mesmo aqui na Terra. Se a vida não está fácil para maioria das pessoas, imagine para quem está no Sistema Prisional de Juiz de Fora.
É para lá que vai a maioria dos condenados ao regime fechado na região e é lá que, subitamente, o índice de mortes de encarcerados aumentou. Já são 11 óbitos neste ano, a última morte na manhã de ontem (18/09) e todas as mortes foram na penitenciária Ariosvaldo Campos Pires (foto abaixo).
Qual seria a causa: superlotação, rixa entre facções ou meros desentendimentos entre os “recuperandos”?

Nos últimos meses aventou- se a hipótese de suicídios para alguns desses óbitos, já que os corpos foram encontrados com forca, porém, os membros do Conselho da Comunidade de Execução Penal de Juiz de Fora não acreditam nisso pois, para eles, os presos estavam acostumados às condições de sobrevivência nos cárceres.
A suspeita, ainda não confirmada, é de execução com ares de suicídio, devido à superlotação.
Inclusive, por causa da lotação, a penitenciária está, desde o mês passado, sem receber novos presos.
O fato é que população carcerária de Juiz de Fora cresceu 78,46% em dez anos, de acordo com o último levantamento da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap). E não para de crescer.
Até o último censo carcerário, eram 2.600 detentos- entre eles, apenas 157 mulheres. Os números não contabilizam 2022/2023 (matéria sujeita à atualização).
Para piorar o quadro, o Ceresp, que foi interditado em março de 2021, teve seus 800 presos redistribuídos nas demais unidades prisionais do estado (incluindo JF) que também já estavam sobrecarregadas.
As obras do Ceresp estão previstas para serem concluídas em outubro. Além da recuperação das instalações, serão entregues mais 500 vagas.
Situação Crítica
O acesso precário à saúde básica e urgência e emergência é algo comum no Sistema Prisional.
De acordo com uma Comissão de Vereadores de JF, “a comida estragada, mofada, alimenta os encarcerados e os agentes. Celas que cabem 12 pessoas têm 40” .
Eles associam as mortes ao crescimento da população carcerária do município, e consequentemente, às más condições de sobrevivência nestas instalações.
Há cerca de 20 dias, os problemas da superlotação, de alimentação precária, falta de água e iluminação em celas e redução do horário de visitas foram relatados em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que discutia, até então, a causa de 10 mortes ocorridas no sistema- agora são 11.
A polícia civil investiga as mortes.