Vacina contra a Covid-19: relatório do Estado sobre perdas de doses em Juiz de Fora aponta procedimentos inadequados; veja documento
Representantes do Governo de Minas estiveram na cidade na última semana após a Administração ter informado que perdeu mais de 9 mil doses por causa de seringas. Prefeitura se manifestou sobre o assunto; veja íntegra da nota enviada.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgou nesta quarta-feira (9), que constatou alguns procedimentos realizados de forma inadequada em etapas do processo de vacinação contra a Covid-19 em Juiz de Fora. (Confira aqui o documento completo)
A informação consta no relatório da inspeção que foi realizada na última semana no município após a Prefeitura relatar perda de doses. A análise foi feita pelas Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica da Regional de Saúde da cidade (SRS-JF). Em redes sociais, a Prefeitura disse que “a aplicação das doses ocorre na melhor forma possível”.
O G1 e o a TV Integração procuraram a Secretaria Municipal de Saúde para posicionamento sobre o assunto. Confira abaixo a íntegra da nota do Executivo, bem como o que diz o relatório do Estado e quais recomendações foram feitas à Prefeitura.
A perda de 17.789 doses de vacinas foi denunciada pelo vereador Sargento Mello (PTB), no dia 26 de maio, por meio das redes sociais. No mesmo dia, a Administração também publicou e contestou as informações.
Já no dia 27 de maio, foi realizada uma reunião entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a SRS-JF e a Prefeitura para esclarecer a situação. Já no dia seguinte, a secretária de Saúde de Juiz de Fora, Ana Pimentel, prestou esclarecimentos sobre o assunto na Câmara. (Entenda o caso mais abaixo).
Resultado do relatório
Conforme a SES-MG, durante a inspeção foi observado que a contagem de doses da vacina CoronaVac extraídas dos frascos é realizada por meio de processo que pode apresentar fragilidades. “Também identificou-se a não observância da anotação do número de doses extraído em todos os recipientes”, complementou o Estado.
A partir do relatório, a pasta recomendou as seguintes ações ao Município:
- Implementar instrumento de registro das perdas técnicas e físicas na vacinação extramuros;
- Realizar novo treinamento com as equipes de imunização com base nas orientações do fabricante da vacina CoronaVac;
- Monitorar e avaliar as perdas técnicas/ físicas por unidade, lote e tipo de vacinador para que possam ser identificadas possíveis falhas.
Para qualificar o processo de investigação relacionado ao caso, a SES-MG informou, ainda, que na terça-feira (8) foi realizada a coleta de 90 unidades de cada lote de seringas, na Central Estadual de Rede de Frio, para serem encaminhados à Fundação Ezequiel Dias (Funed).
A instituição fará análises de rotulagem, teste de esterilidade e volumetria dos insumos, com previsão de 30 dias para conclusão.
O que diz a Prefeitura
Após o G1 e a TV Integração terem pedido nota, a Prefeitura se posicionou sobre o assunto nas redes sociais. Na postagem, a Administração utilizou uma parte do relatório que fala que “a aplicação das doses ocorre na melhor forma possível“, no entanto, o mesmo documento também aponta irregularidades. Em seguida, enviou uma nota para a reportagem. Veja abaixo a íntegra.
“Sobre o relatório da Superintendência Regional de Saúde a respeito do processo de vacinação na cidade, a Prefeitura de Juiz de Fora vem a público manifestar sua satisfação pelo mesmo confirmar que a aplicação de doses obedece “as boas práticas de vacinação, não sendo observado o emprego de técnicas incorretas”, como indica o ponto 2 do item IV do documento. O mesmo item ainda ressalta que “não foi notado ajustes de dose fora do frasco ou excessivos”, confirmando a eficiência do processo de aplicação do imunizante.
O documento ainda atesta, em seu ponto 6 (do mesmo item IV), a presença do volume morto nas seringas, confirmando mais uma vez o que havia sido informado pela Secretaria Municipal de Saúde e causa última da perda técnica em debate. Desse modo, o relatório faz cair por terra a possível interpretação de que há imperícia no processo de aplicação de doses.
Lembramos que a equipe que realizou a visita técnica ao ponto de vacinação se constituía como autoridade competente no local. Caso fosse constatada alguma irregularidade, os técnicos seriam obrigados a interromper o processo de vacinação imediatamente, o que não ocorreu.
Sobre as recomendações sugeridas no documento, a Prefeitura manifesta interesse em estudá-las”.