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Mulheres são a maioria das vítimas de violência em São João Nepomuceno e meninas negras, as principais vítimas de violência sexual

O ‘AGOSTO LILÁS” NÃO PASSOU DESAPERCEBIDO EM SÃO JOÃO NEPOMUCENO

Reportagem e fotos de estúdio de Aristides dos Santos com informações e fotos da palestra no Museu Municipal enviadas pela enfermeira Ana Carolina

Todos os casos de violência sexual foram contra mulheres e, pior, na maioria foram cometidos contra meninas: crianças e adolescentes na faixa etária de 10 à 14 anos de idade.

Em 2023, os números da violência em São João Nepomuceno apontaram que 66% das vítimas de quaisquer tipos de crime foram mulheres, prevalecendo a faixa etária entre 20 e 29 anos, sendo 52% casos de violência física seguidos pelos casos de violência psicológica (32%) e sexual (22%).

A maioria esmagadora dos casos foi em ambiente domiciliar: 77% dos casos.

Todos os casos de violência sexual foram contra mulheres e, pior, na maioria foram cometidos contra meninas: crianças e adolescentes negras na faixa etária de 10 à 14 anos de idade.

Estes números foram acompanhados de uma profunda reflexão em uma reportagem na emissora na manhã desta segunda-feira abordando a questão da violência contra à mulher em São João Nepomuceno. Uma Rede de Proteção e Acolhimento à Mulher pode traduzir,em campo prático, uma porta aberta para mulheres sãojoanenses escaparem do ciclo de violência doméstica.

A enfermeira Ana Carolina Gonçalves, Coordenadora de Causas Externas do Setor de Vigilância em Saúde, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, foi quem  compartilhou estes dados, ela foi uma das líderes dos esforços contidos na campanha “Agosto Lilás”  em São João Nepomuceno.

Ela convidou Ana Carolina de Lima Alves Farmacêutica Coordenadora Responsável pela Farmácia da Prefeitura e Dr. Monique Quina,  presidente do Conselho dos Direitos da Mulher e da Comissão da Mulher Advogada, órgãos da 80 Subseção OAB de São João Nepomuceno.

Elas trabalharam na emissora temas como os tipos de violência cometidos contra a mulher, que resumimos abaixo.

O hábito de violar, pedir perdão e presentear continuamente são parte de um ciclo interminável de retomada de poder sobre a vítima

Violência física: Agressões que causam dor, sofrimento ou lesões corporais, como socos, chutes, empurrões, entre outros.

Violência psicológica: Atos que causam danos emocionais ou diminuem a autoestima, como ameaças, humilhações, chantagens, isolamento social, controle ou perseguição (stalking).

Violência sexual: Envolve qualquer ação que force ou coaja uma mulher a presenciar ou participar de atos sexuais contra a sua vontade. Isso inclui estupro, assédio sexual e exploração sexual.

Violência patrimonial: Envolve a destruição, subtração ou retenção de bens, valores ou documentos pessoais da mulher, muitas vezes com o objetivo de controlar ou limitar sua independência financeira.

Violência moral: Refere-se a calúnias, difamações e injúrias, ou seja, ataques contra a honra ou reputação da mulher.

O programa teve participações importantes de mulheres, sob anonimato, com depoimentos corroborando a tese do “ciclo de violência”.

Depoimentos de ouvintes

Bom dia Gostaria de não me identificar, mas vivi um relacionamento (namoro) pelo qual era vigiada na rua, ele sempre me traia e eu não tinha forças p sair desse relacionamento pq era nova e era meu primeiro namoro (pai do meu primeiro filho). Até q um dia cansei e quis terminar. Acabei com uma arma na cabeça e tive Deus me protegendo e nada me aconteceu. Hj estou em um relacionamento de 3 anos onde já tenho filho e vejo o q realmente é um relacionamento saudável. Tenho um ótimo marido, q me elogia, me valoriza e, principalmente, me respeita. Mas é muito difícil enxergarmos o relacionamento abusivo,depressivo e ter coragem p sair fora e ver q existe vida fora daquele buraco em q vivemos

Ele implicava com minhas roupas e eu achava que era cuidado comigo, chegou ao ponto de ele colocar pessoa pra me observar na rua. Mas eu tomei atitude de terminar tudo no dia em que ele me pegou pelo braço e me arrastou pela rua.Eu sempre aceitava tudo calada,mas nesse dia eu dei um tapa bem dado na cara dele no meio de todo mundo,ele se assustou e não acreditou que eu tinha feito aquilo,então terminamos

E ele falava que ninguém ia me querer e fazer por mim o que ele fazia,hoje, graças à Deus,sou casada há 12 anos com um homem maravilhoso que me respeita e é um cavalheiro… Meninas homem bom existe sim,nós é que precisamos dominar a carência e saber escolher certo e com calma!”

Sinais de alerta:

Faz sucessivos pedidos de desculpas, o que pode confundir a vítima com um aparente arrependimento

De acordo com as entrevistadas, no começo, o abusador tenta tolher as amizades da mulher ( mesmo com outras mulheres), controlando ou impedindo que ela tenha vida social, impedindo que frequente academias, estude e, em alguns casos, até mesmo trabalhe e use maquiagem (sob pretexto de que “ela não precisa, pois já é naturalmente bela”).

Independente do tipo de agressão, seja ela verbal ou física, o abusador quando sente que pode perder o poder ou a influência sobre a mulher faz sucessivos pedidos de desculpas, o que pode confundir a vítima com um aparente arrependimento.

Esses pedidos de perdão são acompanhados por buquê de flores, caixas de bombom, presentes caros e o hábito de violar, pedir perdão e presentear continuamente são parte de um ciclo interminável de retomada de poder sobre a vítima.

As entrevistadas pontuaram que muitas mulheres se mantêm em relacionamentos desta natureza por carência afetiva, algumas vezes até mesmo justificando o abuso (vendo o abusador como uma “vítima”), há também casos da dependência econômica de mulheres que deixaram de estudar ou trabalhar, ficando longe do mercado de trabalho e, dependendo da idade ficando com a certeza de que não haverá outra saída que não seja se manter no relacionamento.

Elas informaram que houve uma importante palestra no dia 29 de agosto, às 18h30, no Museu Municipal:

Aristides Dos Santos

Formação: Graduação presencial em TV, Cinema, Rádio e Internet pela UNIBAN (Universidade Bandeirantes do estado de São Paulo), campus Osasco- SP. Habilitação: Trabalhos em audiovisual (cinema), atividades de radiodifusão RTV, produção de livros, revistas e jornais (impressos e digitais), criação e gestão de tráfego pago ou orgânico para internet

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